
Minha adolescência foi pontilhada nas baladas da noite pelos Beatles e Rolling Stonnes, rock romântico da época, por Roberto Carlos e tantos outros da MPB. Mas me apaixonei também pelas canções de um cearense de vida alternativa, cigano por natureza e que nos levava a roer a dor de paixões perdidas.
Comprei muitos LPs de Belchior, que nos deixou cedo depois de um sumiço inexplicável. Se ainda estivesse por aqui, embalando e romanceando muitos amores com o seu vozeirão, o artista teria completado ontem 73 anos.
Belchior morreu há três anos, com apenas 70 anos, conservando a mesma garganta aveludada de 18 anos, quando cantava nos bares da vida de sua Sobral, no Ceará.
Um dos ícones da MPB, Belchior eternizou canções que nunca saem do meu pensamento, como Medo de Avião, Apenas um Rapaz Latino-Americano e Como Nossos Pais. Durante sua infância, foi cantador de feira e poeta repentista. Estudou música coral e piano com Acácio Halley.
Seu pai, Otávio Belchior Fernandes era um cidadão muito respeitado na cidade. Foi juiz e delegado. Sua mãe, Dolores, cantava no coral da igreja. Ainda criança, recebeu influência dos cantores do rádio Ângela Maria, Cauby Peixoto e Nora Ney.
Foi programador de rádio em Sobral. Em 1962, mudou-se para Fortaleza, onde estudou Filosofia e completou seus estudos no colégio de padres. A seguir Belchior optou por vivenciar um período de disciplina religiosa, vivendo em comunidade com frades italianos no mosteiro Guaramiranga, onde aprimorou seu latim, italiano e canto gregoriano.
Após isso, regressou a Fortaleza, onde estudou Medicina, mas abandonou o curso no quarto ano, em 1971, para dedicar-se à carreira artística. Ligou-se a um grupo de jovens compositores e músicos, como Fagner, Ednardo, Jorge Mello, Rodger Rogério, Teti, Cirino, entre outros, conhecido como o Pessoal do Ceará.
Foi a partir deste movimento que rompeu as fronteiras cearenses, virou celebridade nacional e cantou no mundo inteiro. Nas horas vagas e até escrevendo, meu ofício diário, ouço suas velhas canções para recordar o tempo em que dançava agarradinho, rosto no rosto, nos salões de festas do meu Sertão.
Belchior nunca morreu!
Do Blog do Magno
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